Durante o
ano de 2013 vivi momentos de alegria, partilhei sorrisos e gargalhadas, senti a
barriga a doer de tanto rir. Vivi também momentos de tristeza, senti na pele a
dor da perda, senti o sabor de cada lágrima após mais uma despedida. Se vivi
momentos de imensa felicidade que guardarei para o resto da vida, vivi também
momentos menos bons, que me fizeram crescer, é certo, mas que me causaram
igualmente uma dor inexplicável. Conheci pessoas novas, fiz novas amizades, mas
vi-me também ‘obrigada’ a deixar algumas pessoas no passado e seguir em frente
sem elas. Percebi quem eram realmente os meus verdadeiros amigos e, apesar de
poucos, sei que são os melhores do Mundo. Vivi intensamente cada momento da
minha vida. Usando a velha frase das coisas fantásticas, elas existem sim e eu
vivi muitas delas. Deste ano, guardo tudo. Não só os momentos felizes, como
também todos os dissabores que este me trouxe. Se doeu passar por certas
coisas? Doeu! Por vezes senti que, de facto, o ser-humano não é de ferro e que
há momentos que não são, de todo, fáceis de suportar. No entanto, foram esses
mesmos momentos que me fizeram crescer. Que me ensinaram a olhar a vida com
outros olhos. Para 2014, não peço muito, até porque tudo é incerto e fazer
grandes planos nem sempre dá certo. Peço apenas que este me traga momentos
felizes, que me traga saúde, acima de tudo. Que seja feliz e que possa ver os que
me rodeiam felizes também. Que o que de melhor 2013 me trouxe se mantenha! Que
à minha vida cheguem novas pessoas, novas amizades, novos sorrisos, novos
momentos. Não vou pedir que as amizades que tenho se mantenham, porque essas eu
sei que as levarei comigo para o resto da vida, afinal quando a amizade é
verdadeira permanece independentemente da distância e passe o tempo que passar.
Que 2014 me sorria e que possa ser muito feliz. Feliz 2014, que sejam 365 dias
repletos de bons momentos!
30/12/13
19/12/13
Parabéns Avó Celeste
Luxemburgo, 19 de Dezembro de 2013
Querida Avó,
A vida trocou-nos as
moradas e, diga-se de passagem, esta danada não foi nada meiga. Não se limitou
a mudar-nos a rua, mudou-nos os Países. E hoje, infelizmente, estamos a 2000 e
muitos quilómetros de distância. Todos os dias tenho saudades tuas! Saudades de
ser pequenina e tu me pegares ao colo e me contares histórias – o quanto eu
gostava da história do ‘Pedro apressado’, que quando a mãe o mandava ir à lenha
ele trazia o pinhal todo e a fonte quando a mãe o mandava ir buscar água. Que
saudades da limonada que tu, com todo o carinho e dedicação, preparavas para
mim e para o Pedro. Ainda hoje me lembro do baloiço improvisado que tu nos
arranjavas. Eram coisas tão simples, mas que nos deixavam imensamente felizes.
Hoje, já não sou a criança que fora outrora. Cresci e aprendi que por mais que
nos esforcemos, nem a saudade, nem o amor têm tradução possível, apenas se
sentem. Hoje, com esta enorme distância, aprendi a valorizar-vos ainda mais.
Realmente os que podem estar diariamente com quem lhes é querido são uns privilegiados! Mas também sei
que não é nem será a distância, esta danada, a fazer desaparecer todo o amor e
carinho que tenho por ti. Afinal tu és a Avó querida e meiga que sempre me
mimou, que me contava as histórias e cantava para mim. Não há um único dia que
não pense em ti, que não me lembre da pessoa maravilhosa que tu és. Gosto muito
de ti, Avó e hei-de gostar sempre. São laços de sangue! São eles que nos mantêm unidos apesar da distância. Não há distância, por muito grande que seja, capaz
de destruir o que o coração tão bem guardou. Logo, não será a distância a pôr
fim ao amor infinito que eu tenho por ti. Obrigada por teres, também tu,
contribuído para que a minha infância fosse uma infância feliz, cheia de
histórias e, acima de tudo, repleta de amor e carinho. Obrigada pelos
ensinamentos que sempre me passaste, por seres a Avó incrível que és e por
amares incondicionalmente os teus e o que é teu. Obrigada por isto e por
aquilo, obrigada por tudo. És uma grande mulher! Que, para o ano e para o outro
e muitos mais que hão-de vir, eu te possa voltar a escrever, que possa
continuar a ter o teu carinho por muitos e longos anos e, acima de tudo, que te
possa continuar a ver feliz, com motivos para sorrir e de bem com a vida.
Recebe
um beijinho do tamanho do Mundo, acompanhado de todo o amor e mais algum, de
todos nós,
Inês
Santos
18/12/13
Acredita em ti!
Não
sei quem tu és e tu, provavelmente, também não saberás quem eu sou. Mas por
vezes ‘sabe bem’ ouvirmos uma palavra de apoio, de confiança ainda que sejam da
parte de alguém que não conhecemos. Tu, que estás a ler este pequeno texto, és
mais forte, mais capaz do que aquilo que possas pensar. Lembra-te que “momentos maus são necessários para os bons
valerem a pena”. Eu sei que por vezes a vida é madrasta. Que nos atira
para o fundo do posso e nos retira as forças para voltarmos ao cimo. Mas tu és
capaz! Tu és capaz de te reerguer. Tu, mais do que ninguém, podes e deves acreditar em ti, nas tuas capacidades. Não duvides de ti! Não deixes de sorrir só porque tiveste um ou
outro motivo para chorar. Afinal “se
choras por não ver o sol, as lágrimas vão impedir-te de ver as estrelas”.
A vida é demasiado preciosa para ser desperdiçada. Tens ainda tanto para viver...
E eu tenho a certeza que conseguirás ser feliz, que terás motivos para sorrir.
Nunca desistas por maior que seja o obstáculo, tu serás sempre capaz de o
ultrapassar. Eu também já senti o sabor da tristeza, da dor, da perda. Mas
também já saboreei a felicidade. Eu acredito que por trás de coisas más, se
escondem coisas boas, é nisso que me concentro em dias menos bons. Mantenho a
esperança de que o amanhã será melhor que hoje. Não te prendas demasiado ao passado, concentra-te no presente, toma as decisões certas para que o futuro
seja risonho. Acima de tudo, nunca deixes de lutar por ti, pela tua felicidade
e por aquilo que te faz feliz! Lembra-te que o teu sorriso pode completar o
sorriso e a felicidade de outra pessoa. Luta sempre e sê feliz, muito feliz!
10/12/13
Descansa em paz, Avó
Luxemburgo, 10 de
Dezembro de 2013
Querida Avó,
Ontem tiraram-te de mim,
levaram-te para um lugar longínquo, numa viagem sem regresso. Partiste. E contigo levaste um bocadinho de todos os que cá deixaste. As lágrimas caem
quando o assunto és tu. Ninguém está preparado para receber a notícia de que
alguém que nos é querido partiu. E eu também não estava. Não houve sequer a
oportunidade de proferir uma última palavra, um último beijo. Partiste. E hoje,
é um enorme vazio o que sinto dentro de mim. O pai está a ser um guerreiro! Lá
se vai aguentando apesar da dor que ele, mais do que ninguém, está a sentir.
Eras mãe e uma mãe, mais que qualquer outra pessoa, deixa um sentimento de dor e
vazio imenso. Mas o Pai é forte, sempre foi. Tenho a certeza que estás orgulhosa
dele, por ser o homem maravilhoso que é. Sabes Avó, a idade era muita, mas
ainda assim, eu sabia que no verão te ia encontrar, que estarias à nossa espera
e que estarias feliz por nos rever um ano depois. Infelizmente, agora fiquei
sem ti, no verão já não estarás à nossa espera como em tempos estiveras. Em
Maio, já não terei destinatário para a carta, que todos os anos escrevia e que
tu, com uma felicidade imensa, recebias. E agora? Como será daqui para a
frente? O Pai lá vai tentando amparar
tudo e todos. Mas sei que por dentro está desfeito, por muito adulto que se
seja, precisamos sempre da pessoa que nos deu a vida. E o Pai continuava a
precisar de ti. Hoje, sinto-me perdida e impotente. Não há nada que possa
fazer, tu não voltas. Partiste. Para sempre. Dizem que quando perdemos alguém,
esse alguém nunca se vai para sempre, pois viverá eternamente nos corações de
todos os que lhe eram queridos. No meu coração tu viverás eternamente, disso eu
não tenho dúvida alguma. Mas eu queria ter-te aqui, comigo, fisicamente. Se
pudesse trazer-te de volta, acredita que o faria. Mas infelizmente, no Mundo
real isso não é possível. Onde quer que estejas, olha por nós, olha pelos teus.
Dá-nos força para ultrapassarmos tudo isto. Gosto muito de ti, Avó. Descansa em
paz.
Com todo o amor do Mundo e eterna saudade, a tua
neta,
Inês
Santos
(1917-2013)
(1917-2013)
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